InícioDebate FocaMas afinal, que raça é essa, os tais jornalistas?

Mas afinal, que raça é essa, os tais jornalistas?

(Foto: Pixabay)

Curiosos e intrometidos, quem nunca ouviu chamarem um jornalista assim? Pois é, os agentes da informação nem sempre são prestigiados pelo serviço que prestam, mas afinal, qual é a função do jornalista? A primeira resposta que vem na minha mente é “informar”. Mas o que esses profissionais fazem, além disso?

Ser jornalista vai muito além de dominar a língua portuguesa, escrever textos, fazer fotos, e aparecer diante das câmeras. Não é apenas investigar, pensar, correr atrás de fontes que, às vezes, não querem nem falar. Ser profissional da notícia é muito mais do que apenas noticiar, é ser um par de olhos e ouvidos, e principalmente, voz dos que não têm.

O jornalista é o profissional da imprensa que conscientiza, sensibiliza, incentiva a reflexão e a saída do conformismo. Faz isso com uma postura branda, um vocabulário objetivo, todavia, repleto de sede de justiça porque, por dentro, o jornalista também é cidadão. Não pense que não, ele também se revolta com coisas que contradizem seus valores, entretanto, não trabalha para impôr os próprios ideais em cérebros alheios, trabalha para fazer com que os cérebros percebam por si só quais os ideais corretos a serem seguidos.

Ninguém jamais diz claramente, mas não existe notícia neutra. Por trás delas sempre têm uma abordagem intencional e dezenas de pessoas que escolhem como, quando e de que maneira chegar até o público. Todas essas decisões são baseadas em conceitos que o jornalista contribui em listar. Portanto, a utopia da neutralidade, que muitos enxergam como ofensa à integridade da prática jornalística, é na verdade necessária para que haja divergências ideológicas e inconformismo. A parcialidade implícita, às vezes, é o único elo entre o jornalista e sua real função social, a de incentivar a justiça.

As pessoas protestam, vão para as ruas, levantam cartazes, buscam soluções e reivindicam direitos. Quem as auxiliou a perceber o quanto isso é necessário? Quem faz as pessoas colocarem a mão na consciência e perceberem que mudanças só acontecem quando se luta por elas? Muitas vezes isso acontece através de uma forte contribuição da imprensa. Essas pessoas podem ter lido em algum site de notícias ou assistido uma reportagem na TV que serviram de estopim para a consciência. Mas quem produziu esse material? Ele mesmo: o jornalista.

Fazer jornalismo cansa, exige e, muitas vezes, nos faz pensar em desistir. Em alguns momentos imaginamos ser impossível adequar um texto em 2.500 toques (como esse que, com certeza, já tem o dobro), temos vontade de mandar uma fonte ir à merda depois dela ter sido grossa ou quando nem se der o trabalho de te responder. Porém, na hora de colocar a cabeça no travesseiro, após um longo e exaustivo dia de deadlines rigorosos, nos sentimos super-heróis. Não como o superman que salva o mundo todo, mas como um super profissional que não muda o mundo inteiro, mas muda o mundo mais próximo ao seu redor. Nos sentimos como super-profissionais que cumprem um papel significativo na vida: o de transformar outras. E por fim, quando estamos quase dormindo, percebemos, que não escolhemos fazer jornalismo, mas o jornalismo que escolheu nos fazer ser humano e mensageiro da verdade e isso nem se escolhe, se é.

Por Sandra Prata

Perfil da Autora

Sandra Prata

Estudante de jornalismo na Faculdade de Comunicação Social de Presidente Prudente (Facopp) aspirante à escritora, apaixonada por boas histórias e jornalismo humanizado.

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Emílio Coutinho
Emílio Coutinho
O jornalista, professor universitário e escritor Emílio Coutinho criou a Casa dos Focas em 2012 com o objetivo de oferecer um espaço para o ensino, a reflexão, o debate e divulgação de temas ligados ao jornalismo e à comunicação em geral.
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