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Caso Escola Base vira livro duas décadas depois

O Caso Escola Base foi um dos erros mais graves cometidos pela imprensa brasileira. Ocorrido no ano de 1994, até hoje ele é recordado nas faculdades de comunicação de todo o país como uma vergonha para o jornalismo.

Aos que ainda não conhecem a história conto de forma resumida. Em março de 1994 duas mães acusaram os donos da Escola Infantil Base, localizada na capital paulista, de terem abusado sexualmente de seus filhos. A acusação logo chegou aos ouvidos da imprensa, que abraçando a versão dessas mães, e sem ouvir o outro lado, publicou a história, que teve repercussão nacional.

O resultado da divulgação destas acusações foi trágico: a escola foi depredada, os donos sofreram torturas físicas e psicológicas, perderam todo o seu investimento, além de terem seus nomes, endereços e rostos estampados nos principais veículos de comunicação do Brasil. Tudo isso ocorreu antes de qualquer prova concreta. As mães acusaram, a imprensa julgou e o público praticou a justiça com as próprias mãos.

Alguns meses depois o caso foi arquivado por falta de provas e os acusados considerados inocentes pela justiça. Porém, o que poderia parecer o fim de um pesadelo na verdade foi apenas o início. Isso porque os acusados injustamente e expostos pela imprensa nunca tiveram suas reputações recuperadas. A vida de cada um deles mudou para sempre. O trauma ficou, junto com as dívidas e a falta de esperança.

Capa do Livro sobre o Caso Escola Base: Onde e como estão os protagonistas do maior crime da imprensa brasileira. (Foto: Divulgação)
Capa do Livro sobre o Caso Escola Base: Onde e como estão os protagonistas do maior crime da imprensa brasileira. (Foto: Divulgação)

Passadas duas décadas resolvi ir atrás de cada um dos principais personagens dessa história para saber como vivem e se superaram o trauma causado pelo episódio. O resultado desse trabalho foi reunido em um livro-reportagem de minha autoria, apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo.

Dividido em dez capítulos, a obra apresenta de forma cronológica os encontros e desencontros que tive com cada um dos personagens do Caso Escola Base. Começo contando o início das minhas investigações, quando possuía apenas o endereço da Escola e da antiga casa do perueiro (ambos divulgados em jornais da época), até o momento em que consigo saber sobre os últimos dias do casal Shimada (proprietários da Escola já falecidos).

Dentre as entrevistas publicadas no livro estão: a que fiz com Valmir Salaro, repórter da TV Globo, o primeiro jornalista a divulgar o caso; a conversa de três horas com Paula Milhin, uma das ex-proprietárias da Escola Base; além dos contatos que fiz com o delegado Edélcio Lemos, que é tido por Paula como um dos principais culpados pelo espetáculo midiático do caso; e com as duas mães que fizeram as acusações que deram início à toda essa história. Também fui atrás de Maurício Alvarenga, o perueiro; Richard Pedicini, o gringo que acabou entrando no caso; e o casal Saulo e Mara, pais que também foram acusados de praticar orgias sexuais com as crianças da Escola Base.

Acredito que este trabalho ajudará estudantes e jornalistas a refletirem sobre o poder que temos tanto de construir como de destruir a reputação de um cidadão, uma família ou até mesmo um grupo de pessoas, como foi o caso.

A obra pode ser adquirida através do e-mail: [email protected].

Por Emílio Portugal Coutinho

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Emílio Coutinho
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O jornalista, professor universitário e escritor Emílio Coutinho criou a Casa dos Focas em 2012 com o objetivo de oferecer um espaço para o ensino, a reflexão, o debate e divulgação de temas ligados ao jornalismo e à comunicação em geral.
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1 COMENTÁRIO

  1. Orgulho, Emilio Coutinho, muito orgulho de ter conhecido você, de ter conversado com você, de ter convivido com você, de ter dito mil vezes ^que você chegaria lá. Chegou. Imagino também o orgulho de seu pai. A única coisa que eu lamento foi não ter sido o seu professor de forma direta, ou seja, no dia a dia. Nossa convivência, no entanto, talvez tenha sido mais produtiva. Fantástico, Emílio, como diria a música: “…eu sabia que você chegaria lá… olhaí, olhaí, olhaí o meu guri…”. Aplausos. Emocionado.

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