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Jornalistas terroristas

Muitos responsabilizam os jornalistas pelo clima de terror que se apossou do país. Alguns jornalistas foram ameaçados fisicamente.

Os jornalistas são acusados de espalharem o pânico no país. Uma verdadeira avalanche de críticas entupiu os meios de comunicação. Alguns jornalistas foram ameaçados fisicamente. A população duvida o que publicam nos veículos. Não é crível que não haja hospitais públicos para atender os enfermos uma vez que os impostos cobrados são escorchantes e devem, na sua maior parte, serem destinados à saúde pública. Não se aceita que durante os últimos governos, nenhum elevou a prestação de serviço da saúde a uma necessidade e um direito de todos os brasileiros. A notícia de que não há médicos e remédios gerou uma forte comoção e correria em direção às portas de hospitais, prontos socorros e centros de saúde. Médicos, enfermeiras, atendentes, funcionários administrativos não sabem o que dizer aos que tentam entrar nos prédios em busca de um remédio contra a pandemia que já contamina boa parte do planeta e tem o contágio mais intenso na Europa. Ora se nem esses países ricos conseguem atender os doentes, o que dizer do Brasil?

Socorro! diz a manchete do prestigioso jornal da capital da república. O pânico se alastra para outras regiões na medida que os meios de comunicação espalham notícias terríveis sobre a pandemia. A população toma conhecimento que a capital federal é um grande hospital onde falta tudo. Obviamente que nenhuma autoridade da república assume publicamente que o sistema de saúde está quebrado e não tem condições de amparar os doentes. A responsabilidade deve ser dos que estão no cargo, seja presidente, governador ou prefeito. O povo estupefato com a qualidade do noticiário recorre aos remédios caseiros, uma tradição brasileira que vem dos tempos coloniais. Para controlar a difusão do vírus da epidemia, a cidade de São Paulo recorre a uma mistura de cachaça com mel e limão. Ela não deve ser confundida com a caipirinha. Se a terapêutica vai ou não funcionar, ninguém sabe. Nem os médicos e doutores de todos os títulos acadêmicos. Dão entrevistas e mais confundem do que orientam uma vez que as opiniões são contraditórias. Alguns se aproveitam para se tornar celebridades. Espaço na mídia não falta. Os jornalistas publicam tudo o que dizem, mesmo porque não tem fontes seguras para checar se o que dizem é uma opinião política ou tem apoio na ciência.

O governo estadual paulista usa a mídia para orientar a população. Ficar em casa, evitar aglomeração, nos primeiros sintomas da doença ir para a cama, entre outras orientações. Os idosos devem aplicar todos os cuidados com mais determinação. O terrorismo de informações aumenta com as restrições como fechamento escolas, teatros, cinemas e jardins. Igrejas devem reduzir o número de fiéis nos cultos. Enterros não podem ser acompanhados pela família a pé. As compras só devem ser feitas por uma pessoa para não contaminar os demais. Muitos responsabilizam os jornalistas pelo clima de terror que se apossou do país. Isto se confirma na primeira página do jornal Gazeta de Notícias do dia 15 de outubro de 1918 onde a manchete principal anuncia o fim do mundo, ou a invasão da gripe espanhola. A Noite, também do Rio de Janeiro, diz que a caça de coveiros está provocando recaídas de enfermos. O Jornal do Recife é terminativo: Misericórdia, Senhor.

Por Heródoto Barbeiro

Perfil do Autor

Heródoto Barbeiro

Heródoto Barbeiro é editor chefe e âncora do Jornal da Record em multiplataforma. Ex-apresentador do Roda Vida da TV Cultura e do Jornal da CBN. Autor de vários livros na área de treinamento, história, jornalismo e budismo.

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