InícioNotícias"Quem nasce repórter tem a notícia no sangue", diz Monalisa Perrone

“Quem nasce repórter tem a notícia no sangue”, diz Monalisa Perrone

Desde os oito anos Monalisa Perrone já manifestava o desejo de se tornar uma repórter. Foto: Emílio Coutinho
Desde os oito anos Monalisa Perrone já manifestava o desejo de se tornar uma repórter. Foto: Emílio Coutinho

A jornalista da Rede Globo e eventual apresentadora do SPTV 2ª edição, Monalisa Perrone, participou da Semana da Comunicação promovida pela FIAM FAAM entre os dias 20 a 23 de outubro.

A escolha e o início no jornalismo

Filha de professores universitários, Monalisa manifestou desde cedo o desejo de ser repórter. Aos oito anos de idade já tinha certeza de que era essa a sua escolha, mesmo não tendo certeza de que conseguiria realizar esse sonho. “Eu não tinha nada a meu favor, não tinha sobrenome, tinha dificuldades para pagar a faculdade, como muitos de vocês.”

Apesar das dificuldades iniciais, Monalisa não desistiu, pois sempre amou “uma coisa que todo mundo que faz jornalismo tem que gostar que é a informação, o fato”.

Seu início de carreira foi no ano de 1992, na Rádio Jovem Pan, onde passou três anos, indo depois para a Bandeirantes atuar inicialmente na rádio e depois na televisão. Essa passagem pelo radiojornalismo, segundo ela, foi fundamental, pois “o radiojornalismo faz com que você tenha muito para improvisar o tempo inteiro e te dá fluência. Você passa a ser uma pessoa que fala com mais facilidade”.

Na sua opinião, quem quer trabalhar em uma emissora de televisão deve começar trabalhando no rádio, pois essa transição dá uma naturalidade muito maior do que quem tem uma formação apenas televisiva. Prova disso são os profissionais que atuam hoje em dia na TV Globo: 70% deles começaram a carreira no rádio.

Os 22 anos com reportagem

Ao longo desses 22 anos de profissão, o que mais orgulha Monalisa é o seu trabalho como repórter. Mas isso não quer dizer que é uma vida fácil. Segundo ela, normalmente o profissional não tem horário para começar e muito menos para terminar. Além disso, dificilmente terá noção de qual será a sua pauta antes de recebê-la.

“A previsibilidade da reportagem é muito pequena”, adverte, “mas quando você nasce repórter, você tem a notícia no sangue. Na hora que começa você esquece todas as dificuldades”. Para ela, é perceptível quando o repórter trabalha de maneira mais apaixonada, envolvido e empenhado.

Monalisa respondeu as perguntas dos estudantes de comunicação social presentes no auditório. Foto: Emílio Coutinho
Monalisa respondeu as perguntas dos estudantes de comunicação social presentes no auditório. Foto: Emílio Coutinho

Mesmo tendo pensado muitas vezes em desistir, Monalisa perseverou no jornalismo “porque mais do que gostar da informação, eu gosto de gente”. a jornalista acredita ser maravilhoso poder servir de canal para as pessoas terem a oportunidade de contar as suas histórias, recordar momentos e marcar fatos. “Quando a gente chega com aquela câmera e com um microfone na cara das pessoas, perguntando para elas muitas vezes sobre temas que elas não querem dizer ou que tem constrangimento em dizer, e elas olham para você e falam. Isso é maravilhoso!”

“Eu amo o que eu faço! Se eu não amasse eu já teria desistido, porque nesses 22 anos já passei por muitos dias difíceis”, confessa. Ela ainda alerta os iniciantes no jornalismo: “os primeiros dez anos da carreira são bem pesados mesmo. Se você aguentar esses dez, aí você vai para frente”.

A jornalista ressaltou que o repórter deve abrir mão da vaidade para conseguir prestar atenção nas pessoas e nas coisas, caso contrário, não conseguirá ver ambos como deve e o resultado será uma reportagem ruim.

Atacada durante link ao vivo

Perguntada sobre o link ao vivo que fez para o Jornal Hoje, no dia 31 de outubro de 2011, no Hospital Sírio Libanês, onde acompanhava o estado de saúde do ex-presidente Lula, quando foi atacada por um grupo de vândalos, Monalisa afirmou que foi uma covardia. “Eu já tinha entrado milhões de vezes ao vivo, e aquela era só mais uma entrada no Jornal Hoje. Aí de repente o rapaz veio correndo e me deu uma joelhada nas costas. É inaceitável um homem de um metro e noventa, correr para atropelar uma mulher de um metro e sessenta e oito, 49 quilos e ainda de costas.”

Apesar do trauma que o fato lhe causou durante os primeiros meses, hoje em dia a repórter diz ter superado completamente, pois na maior parte das vezes que vai para a rua é tratada com muito carinho e apreço pelas pessoas. Mas avisa: “o jornalismo ao vivo é incontrolável. Você pode ter uma equipe enorme, mas o que vai acontecer ali, você não sabe. Jornalistas sempre correm riscos”.

Segundo a jornalista, os primeiros dez anos de carreira são bem difíceis. Foto: Emílio Coutinho
Segundo a jornalista, os primeiros dez anos de carreira são bem difíceis. Foto: Emílio Coutinho

Conselhos para os estudantes de jornalismo

Um conselho importante que a jornalista global deu foi o de que o estudante deve procurar emprego na área a partir do segundo ano de faculdade, pois ali ele entenderá a responsabilidade de retratar uma reportagem. “O crescer no jornalismo é algo que a gente sente no dia a dia. Um mês na primeira carreira no jornalismo acho que equivale a um ano, porque é tanto aprendizado, que é importante.”

Sobre dar opinião no jornalismo, ela é direta: “Na reportagem se deve reportar, contar e retratar. A opinião do repórter não interessa. Temos que ter na cabeça que somos apenas condutores.”

Concluindo o bate-papo com os alunos de jornalismo, Monalisa ressaltou que quem quiser seguir uma carreira televisiva não pode ter o constrangimento de se expôr. Além disso, explicou que a beleza não é um critério de permanência na carreira televisiva.

“Um rosto ou um corpo bonito pode ser uma porta de entrada, mas se ele se revelar uma simples casca, oca por dentro, acabou. Eu vi isso dezenas de vezes, nos meus 22 anos de carreira, pois quem quer ser lindo, apenas vire modelo. Quem quer ser jornalista, cuida de todo o resto”.

Por Emílio Portugal Coutinho

- Advertisement -
Emílio Coutinho
Emílio Coutinho
O jornalista, professor universitário e escritor Emílio Coutinho criou a Casa dos Focas em 2012 com o objetivo de oferecer um espaço para o ensino, a reflexão, o debate e divulgação de temas ligados ao jornalismo e à comunicação em geral.
- Advertisement -
Siga-nos
17,516FãsCurtir
10,000SeguidoresSeguir
92SeguidoresSeguir
2,595SeguidoresSeguir
117InscritosInscrever
Leia também
- Advertisement -
Novidades
- Advertisement -

1 COMENTÁRIO

  1. Monalisa falou e tudo, embora tenha uma beleza irresístivel demorou e muito para ser âncora, na qual faz muito bem atualmente. ela tem aquela pegada de rádio muito forte, o que se difere de Sandra Annenberg, Renata Vasconcellos, Ana Paula Araújo e Cristiane Pelajo. não e atoa, a melhor âncora de telejornal de rede.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui