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Pelo prazer de pintar

Foto: Pixabay
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O garoto Tom Sawyer realmente era inventivo. Certo dia a Tia Polly pediu a ele que pintasse a cerca da casa. Era um bom pedaço. Levaria um tempão para passar a brocha com tinta branca em tudo aquilo. Perderia a oportunidade de brincar com outros amigos e tomar um banho no rio. Mas Tia Polly não era fácil. Tinha que pintar. Convocou os colegas para assistirem a pintura. De tal forma enalteceu o ato de pintar que convenceu os amigos a assumir o trabalho. Foi mais além, quem quisesse ter o privilégio de trabalhar de graça teria que pagar. Tom faturou alguns centavos e, através do seu criador Mark Twain, forneceu um curioso exemplo de preço negativo. Negativo? Sim, ou seja, uma pessoa recebe para usar um produto ou um serviço.

Na região central da cidade existem muitos salões de beleza. Por ocasião de festas e comemorações públicas eles pagam para quem quiser fazer um penteado punk. Além de ser de graça ainda recebem. Por sua vez o salão entope de gente que quer pagar para ter um cabelo tão caprichado como os que viu em pessoas circulando pelos shows públicos. Preço negativo. Para alguns. Isto vale para um grupo de ciclistas que toda noite percorre a cidade pelo prazer de pedalar. Provavelmente se alguém lhes propusessem que passassem a entregar remuneradamente cartas de bike recusariam. É comum nos programas de grande audiência na tevê artistas pagarem para cantar ou invés de receber pelo show. É verdade que lá na frente a situação pode se inverter. Com o aparecimento na tevê eles poderão ser contratados para shows em casas noturnas ou festas populares. Alguns artistas permitem que suas músicas sejam baixadas gratuitamente na internet e eles não recebem nada pela sua criação.

Há inúmeros outros exemplos de preço negativo. Contudo é uma expressão incomum, como saldo negativo da balança de comércio. Os jornalistas usam muito. Por que não prejuízo, ou déficit? Há uma aparente contradição nessa expressão. Saldo dá a sensação que alguma coisa sobrou e não faltou. Lucro negativo não existe. O economista Chris Anderson conta que na China, alguns médicos são pagos mensalmente quando seus pacientes são saudáveis. Se alguém adoecer é culpa do médico, então não é preciso pagar as consultas do mês. Ou seja só ganham se os pacientes estiverem bem. É o mesmo para policiais que não recebem bônus se aumentar a quantidade de violência. Menos violência, mais salário. Esse exemplo poderia também ser utilizado no sistema público de educação? Mais repetências, menos bônus para o professor. Está aberto o debate.

Por Heródoto Barbeiro

Perfil de Heródoto Barbeiro

Heródoto Barbeiro

Heródoto Barbeiro é jornalista, âncora do Jornal da Record News e do R7, diariamente as 21h. Ex-apresentador do Roda Vida da TV Cultura e do Jornal da CBN. Autor de vários livros na área de treinamento, história, jornalismo e budismo.

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