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Os desafios do Jornalismo Investigativo no Brasil

Angelina Nunes, Maiá Menezes, Fernando Molica, Marcelo Beraba e Marcelo Moreira durante o debate. (Foto: Divulgação - Abraji/ESPM)
Angelina Nunes, Maiá Menezes, Fernando Molica, Marcelo Beraba e Marcelo Moreira durante o debate. (Foto: Divulgação – Abraji/ESPM)

Na manhã desta terça-feira, 14 de abril de 2015, foi realizado um debate on-line sobre os desafios do jornalismo investigativo no Brasil. O evento, que foi promovido pela ESPM-Rio em parceria com a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), contou com a participação dos seguintes jornalistas: Angelina Nunes (membro do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos – ICIJ), Fernando Molica (O Dia), Maiá Menezes (O Globo), Marcelo Beraba (Estadão) e Marcelo Moreira (TV Globo e representante do INSI – International News Safety Institute).

Período Paradoxal

Marcelo Beraba iniciou o debate afirmando que o jornalismo está vivendo um período paradoxal. Ao mesmo tempo que é difícil, devido aos cortes nas redações e queda na circulação, é estimulante, pois, segundo ele há uma forte demanda por parte da sociedade por mais transparência, mais informação, mais controle dos poderes (não só estatais, mas também privados). “O jornalismo investigativo sempre esteve em dívida com a sociedade”, ressaltou.

Para Beraba a revolução digital está oferecendo melhores recursos para a investigação jornalística. Além disso, a formação dos jornalistas nas últimas décadas têm tido um considerável aumento qualitativo.

Diante da crise estrutural que a indústria jornalística está passando, fruto principalmente da pulverização da publicidade e da crise econômica que abala o país, o desafio é saber como combinar essa demanda da sociedade com a crise.

Crise do negócio

Já para Fernando Molica, a crise pelo qual o jornalismo passa é de negócio. “Nós temos uma quantidade de informações gratuitas impressionante. Como é que nós vamos sobreviver? Como dar informações melhores que justifique que o leitor coloque a mão no bolso para pagar por ela?”.

Molica recordou que a nova geração cresceu acostumada a não pagar pela informação. “Você pode baixar livros e ouvir músicas gratuitamente, não adianta brigar contra a corrente.” Para ele, a solução é oferecer uma matéria melhor, pois é o que a sociedade quer. “O nosso papel é fazer com que as informações disponibilizadas para todos ganhem sentido.”

Ele explicou que é necessário acessar a avalanche de informações disponibilizada diariamente pelos órgãos públicos e oferecê-la de forma acessível ao público leitor. “O fato de ter muita informação é praticamente como não ter informação nenhuma, se você não tem quem te guie por ali”, afirmou.

Olhar diferente

Maiá Menezes complementou o tema tratado dizendo que os jornalistas nunca foram tão necessários como agora, diante desse excesso de informações. A jornalista expressou também que a aflição cotidiana dos jornalistas é “ter que contar a história que todo mundo já contou de forma didática, atraente e essencialmente jornalística”. Para isso é necessário ter um olhar sobre os fatos distinto do que o comum das pessoas têm.

Segundo ela, o desafio do jovem jornalista é ter essa referência, ter esse olhar. Maiá ressalta que é necessário que se passe para as futuras gerações os recursos que sempre existiram e que ainda funcionam na prática jornalística.

O jornalismo sempre existirá

Em sua intervenção, Marcelo Moreira aconselhou aos estudantes e jornalistas que não sejam pessimistas. “Por pior que seja o cenário, para o profissional que está no mercado de trabalho ou que entrará nele, não devemos ser pessimistas. O futuro ninguém sabe, mas o que é certo é que o jornalismo continuará existindo sempre, o que mudará é o modo de fazer.” Moreira destacou que apesar da situação não ser boa, “o bom jornalista sempre encontrará o seu lugar”.

Tratando sobre a violência contra os jornalistas, Moreira explicou que a pior consequência dessa violência é a autocensura. O jornalista deixa de tratar sobre um assunto por medo das represálias. “A profissão do jornalista é ligada diretamente à liberdade de expressão. Quando você cala um jornalista você fere o direito que a sociedade tem de saber, e com isso você fere a democracia”, concluiu.

Por Emílio Portugal Coutinho

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Emílio Coutinho
Emílio Coutinho
O jornalista, professor universitário e escritor Emílio Coutinho criou a Casa dos Focas em 2012 com o objetivo de oferecer um espaço para o ensino, a reflexão, o debate e divulgação de temas ligados ao jornalismo e à comunicação em geral.
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