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Dicas para qualquer reportagem

Bob Woodward e Carl Bernstein na redação do Washington Post durante a investigação do Watergate.

Há alguns anos, se convencionou um marco inicial para o que se chama de jornalismo investigativo: caso Watergate em 1972— escândalo descoberto por Bob Woodward e Carl Bernstein, jovens jornalistas do Washington Post. Eles investigaram a fundo um esquema de espionagem montado num comitê democrata. A grande revelação foi que esse esquema tinha sido realizado a mando do presidente americano Richard Nixon, que não teve outra alternativa a não ser renunciar.

Em um vídeo publicado pelo Washington Post, Woodward traz três dicas que parecem óbvias e que servem para qualquer reportagem.

Leia o que Bob Woodward ensina: “Uma questão sempre presente é onde conseguir informações?

São três caminhos

1. Pessoas  - Isso não significa uma pessoa ou uma fonte. Mas checar tudo. Falar com meia dúzia ou até mesmo uma dúzia de pessoas para uma história do dia. É algo que toma tempo para cercar totalmente a história.

2. Documentos  -  Eu nunca vi uma reportagem que não tenha documentos que a suporte ou que dê mais detalhes para a apuração.

3. Pra falar desse caminho, preciso contar uma história.

Eu comecei a trabalhar no Washington Post em 1971 e eu tinha conseguido uma fonte da vigilância sanitária do distrito de Columbia, que fazia inspeções em restaurantes. Vários estavam sendo fechados por problemas sanitários. Eu estava fazendo uma matéria para a primeira página. Um dia a fonte me ligou para dizer que tinham chegado ao pior caso — com mais de 50 pontos de problemas. Eu corri para escrever a história, consegui os documentos — era o Coffee Shop do Mayflower Hotel. Era um restaurante muito famoso em Washington.

Entreguei a matéria para o editor de cidades . Ele estava extasiado com a história — era um caso muito grave. Ele me perguntou: “Você esteve lá?”. Respondi que não, afinal tinha os documentos autênticos. Ele disse vá lá, estamos a apenas duas quadras. Fui ao hotel e pedi para visitar o café. Responderam — Não temos uma cafeteria. Temos restaurantes. Chequei o endereço e vi que não era no Mayflower, mas em outro hotel — o Statler Hilton. Quase na frente do outro. Fui pra lá e vi a cafeteria lacrada por conta dos problemas sanitários. Ir ao local dos fatos me poupou uma correção na primeira página.

O Futuro do jornalismo investigativo

Eu acho que sempre haverá reportagens em profundidade ou investigativas mesmo com os jornais em crise. Jovens estão desenvolvendo novos modelos de negócios. Todo mundo, em todas as idades, sabe da importância de ter boas informações sobre o que o governo faz.

Eu perguntei a Ben Bradlee, antigo editor de Washington Post, sobre o que ele pensava . Ele disse “há uma mudança, mas a paixão continua, sempre haverá um grupo de pessoas trabalhando para conseguir descobrir que está debaixo das camadas do que está acontecendo. E eles vão achar um jeito de publicar ou transmitir o que eles acreditam que seja a verdade”.

Por Rodrigo Hornhardt

Perfil do Autor

Rodrigo Hornhardt é formado em Jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é Redator-chefe do Jornalismo do SBT, responsável pelo conteúdo editorial dos telejornais.

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