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Produto Interno Bruto ou Felicidade

Paro, Butão. Foto: Pixabay
Paro, Butão. Foto: Pixabay

Perseguir freneticamente o crescimento do PIB não quer dizer que isto vá proporcionar a felicidade a uma sociedade. Esse debate já ganhou exposição na ONU sob o patrocínio do Butão. Este, com o apoio metodológico de pensadores da Universidade de Columbia, propõe que o PIB seja substituído pelo FIB, ou Felicidade Interna Bruta, ou seja além do crescimento econômico é necessário auferir qual o grau de bem estar que essa economia proporciona. Ou seja, não se pode destruir o equilíbrio ecológico comprometendo assim as possibilidades das futuras gerações satisfazerem as suas necessidades e esperanças. Porém, não é possível continuar com um crescimento atrelado a um consumismo desenfreado, a uma ânsia pelo resultado sempre maior a cada ano. As metas de crescimento sempre são acima do ano anterior em uma espiral como se tudo fosse infinito. Não é. Matéria prima, água, pureza do ar, alimentos, oceanos são finitos. Como pode uma natureza finita ser o mote de uma economia sempre em crescimento? Vai chegar uma hora que vai ter que parar, ou se encontrar uma nova estrada para ser explorada nos moldes do capitalismo que conhecemos hoje. O espaço sideral? Talvez.

É impossível fazer o processo histórico retroceder. Não dá para passar do capitalismo informacional atual ao feudalismo medieval, onde as pessoas produziam apenas o suficiente para não morrer de fome. Todo o conhecimento obtido no século atual já está absorvido pela humanidade e cada vez mais pessoas fazem uso dele graças a internet e seus filhotes. Atualmente a renda do mundo é de 65 trilhões de dólares e aumenta, em média, 3,5% ao ano. É uma economia concentradora de riquezas e geradora de desigualdades globais, quando apenas o investimento de 100 bilhões de dólares anuais seria suficiente para debelar a fome e a miséria no mundo. No entanto, sobram smartphones e falta água em regiões pobres e ricas do planeta. A natureza está fazendo o que o capitalismo não conseguiu: democratizar a fome e as ameaças de danos irreversíveis do planeta.

O comunismo perdeu com a queda dos regimes soviéticos, um sistema que sabia distribuir a riqueza, mas não sabia como produzi-la em larga escala. O capitalismo desenvolveu de maneira eficiente a produção de riquezas mas não soube distribuir. Os mecanismos existentes não são suficientes para pulverizar a riqueza e permitir que quem nada tem possa ter alguma coisa. Mas ou o sistema se adequa a essa realidade gerada em suas entranhas ou vai motivar uma luta de classes global entre os que têm contra os que não têm, porfia que vai ocorrer em um ambiente poluído, de ar irrespirável e que talvez ninguém sobreviva. Caminhamos para o Planeta dos Macacos, ainda que a hecatombe não seja uma bomba nuclear, mas a difusão da miséria, fome, o desemprego e a degradação do meio ambiente. Esse cenário vai ficar mais visível em 2030. A visibilidade proporcionada pelas redes sociais vai expor as contradições do sistema e alimentar os movimentos e conflitos. Ninguém está dizendo que vivemos a fase superior do capitalismo e depois disso ele acabará, como disse Lênin. Resta-nos a difusão de ideias sobre como implantar o FIB de uma forma pacífica e acelerada.

Por Heródoto Barbeiro

Perfil de Heródoto Barbeiro

Heródoto Barbeiro

Heródoto Barbeiro é jornalista, âncora do Jornal da Record News e do R7, diariamente as 21h. Ex-apresentador do Roda Vida da TV Cultura e do Jornal da CBN. Autor de vários livros na área de treinamento, história, jornalismo e budismo.

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