InícioEntrevistas"Ser apresentadora, não é traduzir a notícia, mas compartilhá-la", ressalta Sandra Annenberg

“Ser apresentadora, não é traduzir a notícia, mas compartilhá-la”, ressalta Sandra Annenberg

Sandra Annenberg. Foto: Divulgação.
Sandra Annenberg. Foto: Divulgação.

Simpatia é o primeiro adjetivo que veio a minha mente quando tive a oportunidade de me encontrar com a jornalista Sandra Annenberg. Diferentemente de alguns membros da imprensa que, seduzidos pelos holofotes acabam esquecendo que não são os personagens principais da história e acabam desprezando os pobres mortais (que também são seus telespectadores), Sandra Annenberg é realmente em sua vida pessoal aquela mulher simpática que nos dá boa tarde diariamente no Jornal Hoje.

Dividindo diariamente a bancada do telejornal da TV Globo com o jornalista Evaristo Costa, a apresentadora, que já foi atriz, iniciou sua carreira televisiva em 1974. Formada em jornalismo pela FIAM (Faculdades Integradas Alcântara Machado), Sandra já atuou como jornalista na Rede Record e desde 1991 trabalha na Central Globo de Jornalismo. Ainda antes se tornar âncora do JH, a jornalista foi apresentadora da previsão do tempo, tornando-se a primeira mulher a participar da apresentação diária do Jornal Nacional. Entre os anos de 1993 a 1996 apresentou o Fantástico e logo depois foi transferida para o SPTV 1ª Edição, onde ficou até o ano de 1997. Ainda nesse ano se tornou editora-executiva do Jornal da Globo, até por fim passar se tornar a âncora do Jornal Hoje. Sandra Annenberg é casada com o também jornalista global Ernesto Paglia.

Confira na íntegra uma entrevista que Sandra concedeu a Casa dos Focas:

Casa dos Focas – O que fez você optar pelo jornalismo?
Sandra Annenberg –
Essa é uma pergunta difícil de responder. A primeira profissão que eu pensei na minha vida foi a de ser jornalista. Eu acreditava que era possível dizer a verdade, nada mais que a verdade e somente a verdade. Até que fui descobrindo que a verdade tem muitas caras, tem muitos lados, e existem muitas verdades. Até hoje eu busco a verdade. Depois eu acabei virando atriz durante muito tempo, fui para a ficção, mas a realidade me trouxe de volta e eu acho que de novo eu abracei a causa do jornalismo. É difícil falar um motivo, mas basicamente eu acho que é conseguir levar a diante a informação que a gente apura, que a gente entende, e que as pessoas tem o direito de saber. Então como levar isso, é uma outra história. É isso que eu costumo discutir, que não é só o que a gente fala, mas como a gente fala. E aí começou uma outra questão na minha vida, ser apresentadora, não é traduzir a notícia, mas é compartilhar a notícia. Consentimento com emoção, com tudo o que ela carrega, que ela tem inerente a ela, notícia. Então, é isso, eu acho que é conseguir passar para as pessoas o melhor possível do que acontece.

CF – E quais foram as principais dificuldades que você encontrou ao longo da sua carreira no jornalismo?
Sandra Annenberg –
Olha, foram muitas as dificuldades, mas o machismo foi uma delas, eu não tenho a menor dúvida. Eu me lembro que quando eu comecei as mulheres eram só locutoras, enquanto os homens eram âncoras. As mulheres eram um rostinho bonito, enquanto os homens eram os jornalistas, embora eu também fosse jornalista. Eu me lembro que no início só os homens abriam o jornal, a mulher só ficava com as matérias e as cabeças mais leves, porque a mulher é mais fofinha né, então fala só de moda, só de culinária. Foi uma longa conquista até mostrar que nós somos tão competentes quanto os homens. Ele abre o jornal, eu também abro o jornal, ele fala disso, eu também falo daquilo. E esse longo caminho, é uma conquista diária.

CF – Qual é a função do jornalismo na sociedade?
Sandra Annenberg –
Perguntas profundas (risos). Difícil de definir (risos). A função do jornalismo na sociedade é manter não só a informação latente, mas a transparência de tudo. Então é não deixar senões, é simplesmente mostrar o que está acontecendo para que um povo bem informado tenha liberdade de escolha. Basicamente é isso, eu acho que é a base da democracia.

CF – O que o jornalismo lhe ensinou?
Sandra Annenberg –
Bom, me ensinou a viver, me ensinou que a gente apesar de tudo tem que acreditar. E eu continuo sendo uma pessoa bastante crédula na humanidade. Às vezes me decepciono um pouco, mas eu ainda acredito.

CF – Que conselho você dá para nós estudantes de jornalismo?
Sandra Annenberg –
Continuar sempre, não desistir jamais. Vai ter um monte de obstáculo, um monte de dificuldade, mas… Ta aí, você é menino, já tem meio caminho andado, porque para os meninos é mais fácil (risos). Já vai ser mais fácil (risos).

Por Emílio Portugal Coutinho.

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Emílio Coutinho
Emílio Coutinho
O jornalista, professor universitário e escritor Emílio Coutinho criou a Casa dos Focas em 2012 com o objetivo de oferecer um espaço para o ensino, a reflexão, o debate e divulgação de temas ligados ao jornalismo e à comunicação em geral.
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