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O dia em que o Google parou – Uma reflexão para os jornalistas de nosso tempo

A queda do Google na tarde da última segunda-feira, 26, deixou a muitos internautas sem ar, ou melhor, fora do ar. O site de buscas mais utilizado atualmente, possui o monopólio de outros dois grandes serviços, “o Youtube e o Gmail”.

Felizmente o problema foi resolvido no mesmo dia, apesar de até agora não ter sido explicado o real motivo da queda. Entretanto, o fato nos leva a uma reflexão muito importante, ainda mais para nós estudantes de jornalismo ou jornalistas recém-formados. – Seremos capazes de fazer um jornalismo sem a utilização de serviços como os do Google?

No passado os jornalistas estavam na rua coletando informações, apurando cada uma, fazendo relações com outras notícias, levando as mesmas às redações, onde elas eram tratadas, editadas e muitas vezes complementadas com a experiência e competência de jornalistas mais adestrados. E ainda, se o editor sentisse falta de algum dado relevante, o mesmo poderia ser coletado em um mapa, livro ou mesmo pelo telefone.

Hoje em dia, a ampla facilidade que o Google nos proporciona, principalmente através de seu site de buscas, gera uma certa preguiça mental, uma hipnose diária devido à sua agilidade e prontidão em nos atender. Para que ter repórteres de rua se tenho um Google que me abastasse com tudo o que preciso para a edição de hoje ou de amanhã? Basta escrever uma palavra e mesmo sem apertar o “Enter” um mundo desconhecido é aberto diante de nossos olhos. Sentimo-nos portadores de toda a verdade, afinal o que o Google irá esconder de nós? Se ele não sabe, por que nós temos que saber? Vivemos um verdadeiro paradoxo. Endeusamos e ao mesmo tempo somos escravos desse “mundo louco” chamado Google. Será que nós, humanos e internautas, saberemos manter o equilíbrio devido?

É claro que o Google facilita muito, e, é um meio mais que legítimo para a busca de certas informações. Entretanto, o que quero ressaltar aqui é a “googlelização” existente em certas redações e em certas mentes, que não vivem sem esse site de buscas.

Meu objetivo com esse artigo não é mostrar-me como o dono da verdade mas deixar uma reflexão para ser feita por cada um nós.

Será que em nossos dias é possível fazer um jornalismo sem o auxílio do Google ou de aplicativos do mesmo? Podem os jornalistas de amanhã quebrarem esse processo servil desenfreado, esse engessamento da mente e essa preguiça mental que o Google nos proporciona?

Não! Eu não estou aqui de forma alguma fazendo uma campanha anti-Google. Mas creio que mais do que o fim do impresso e a obrigatoriedade do diploma, devemos debater e alertar os jovens jornalistas, principalmente nas faculdades de comunicação, sobre esse grande risco de nos tornarmos “Jornagoogle” ou “Googlenarlistas”. Espero que essa reflexão seja feita seriamente por todos aqueles que prezam pelo jornalismo sério e responsável. Somos uma equipe pensante, um grupo chamados a fazer um jornalismo   criativo e de grande responsabilidade.

Por Emílio Portugal Coutinho

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Emílio Coutinho
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O jornalista, professor universitário e escritor Emílio Coutinho criou a Casa dos Focas em 2012 com o objetivo de oferecer um espaço para o ensino, a reflexão, o debate e divulgação de temas ligados ao jornalismo e à comunicação em geral.
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3 COMENTÁRIOS

  1. Acho muito boa a iniciativa do Sr. Emílio Coutinho, acredito que é desse tipo de Jornalista que o mundo precisa, que nunca deixa de dar uma explicação ou mesmo fazer uma crítica para o que acontece em nossa sociedade. Parabéns continue a trilhar seu espaço neste meio de comunicação com matérias maravilhosas que nos fazem criar gosto em ler.

  2. Emílio, muito bom o texto. O Layout está perfeito também. O Jornalista 100% “Googlenarlistas”, é um forte candidato a ser frustrado na profissão. Além de ser uma ótima ferramenta de busca, o Google é apenas uma plataforma de busca, e o Jornalista tem que ser mais “multipluralista”, pensante, movido pela curiosidade e paixão pelo que faz. Esse é o segredo de fazer do Google um grande aliado e não o ÚNICO aliado. Bom, é isso ai, parabéns pela publicação.

  3. Não acredito que se possa não mais manter repórteres nas ruas, pelo simples fato -ou ato- de utilizar o google. No cotidiano das antigas redações, havia outras ferramentas que eram utilizadas para complemtar a matéria que seria publicada, elas iam das informações de amigos à livros. O Google pode ajudar na diminução do tempo de resposta, face esta loucura que vivemos na era da internet, mas não trará uma boa matéria, caso se preze pela qualidade da informação. Com google ou não, sempre o bom jornalismo irá necessidar de checar as informações obtidas nele, sempre irá precisar sair às ruas, conversar com as pessoas, ver “in loco”.

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