InícioDebate FocaO Preço de ser um Defensor da Informação

O Preço de ser um Defensor da Informação

Jornalista americano James Foley, antes de ser decapitado por um dos integrantes do grupo radical Estado Islâmico (EI), no dia 19 de agosto de 2014. Foto: Reprodução.
Jornalista americano James Foley, antes de ser decapitado por um dos integrantes do grupo radical Estado Islâmico (EI), no dia 19 de agosto de 2014. Foto: Reprodução.

“Jornalista curda morta no conflito do Iraque”, “Nove jornalistas palestinos morreram desde início de ofensiva”, “Jornalista morre no conflito perto de Qusayr, na Síria”, “Jornalista é capturado pelas Farc”. Manchetes como estas não são incomuns. Segundo dados do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), um em cada quatro jornalistas no exercício profissional, morrem na cobertura de conflitos armados. E segundo dados do Comitê para Proteção aos Jornalistas (CPJ), só em 2013, foram 3 homicídios de jornalistas no Brasil, e 95 no mundo.

O Direito Internacional Humanitário (DIH) não estabelece um Estatuto oficial para a proteção de jornalistas que fazem a cobertura de conflitos armados, sejam eles internacionais ou não internacionais, mas os coloca na mesma condição que a população civil, portanto, não podem ser vítimas de ataques diretos, intencionais, a menos que se envolvam no conflito para além da cobertura jornalística.

O correspondente de guerra é um profissional da Comunicação que apenas registra e relata o conflito. Portanto, é parte integrante da população civil e, em caso, de captura por parte das forças armadas do inimigo, não pode ser considerado prisioneiro de guerra.

Thiago Lara, fotojornalista especializado em Conflitos Urbanos, do Jornal Povo do Rio, contou que acredita que os jornalistas e fotojornalistas que fazem a cobertura desse tipo de conflito deveriam ter acesso aos mesmos equipamentos de segurança que as forças armadas, pois sua profissão os coloca no mesmo nível de risco que os oficiais das forças armadas, assim, “equipamentos de segurança como coletes, blindagem de automóveis e etc. não deveriam ter restrição para jornalistas”. Disse também que deveria haver uma padronização das informações contidas na identificação dos crachás dos veículos de mídia e das cores dos coletes a prova de balas, que costumam ser azuis ou marrons. Afirma ainda que “a maior proteção é nossa atenção total ao que acontece em volta”.

Outra dificuldade encontrada pelos profissionais da Comunicação que cobrem conflitos armados é o acesso ao local do conflito, pois “muitas vezes o local é rodeado de favelas, o que provoca um clima muito hostil”, porque “hoje existe uma visão errada da imprensa. As pessoas têm a ideia de que estamos ali por vontade própria para lucrar com a desgraça alheia. Na verdade, nenhum de nós tem prazer em registrar cenas tristes. Nossa principal missão é mostrar à população o que se passa em áreas delicadas da cidade”, destaca Thiago Lara.

Para ajudar os jornalistas que tem como missão cobrir manifestações, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI) criou, em Junho de 2014, um Manual de Segurança para a Cobertura de Protestos, que tem algumas dicas úteis para a cobertura de conflitos armados, mas destaca, assim como Thiago Lara, que a atenção é fundamental para garantir a segurança do profissional. E o CICV também criou um programa de assistência aos jornalistas em missões perigosas, o canal Linha Direta, com um telefone que opera 24 horas, para oferecer proteção e assistência a jornalistas que tenham sido capturados ou detidos, ou que estejam desaparecidos em locais onde o CICV atue.

Entenda o que é o DIH

Por Direito Internacional Humanitário (DIH), entende-se um conjunto de normas convencionais ou costumeiras internacionais destinadas a proteger as pessoas que não participam ou deixaram de participar das hostilidades e os bens necessários para a sua subsistência durante um conflito armado e que também regulamentam os meios e métodos de guerra. A maioria das suas normas estão contidas nas quatro Convenções de Genebra e nos Protocolos Adicionais. É aplicável apenas em situações de conflito armado internacional ou não internacional.”

Por Karine Seimoha.

Perfil da Autora

Karine Seimoha

Karine Seimoha tem está no segundo semestre do curso de Comunicação Social – Jornalismo, nas Faculdades Integradas Alcântara Machado (FIAM FAAM). Apaixonada desde sempre por livros e conflitos armados, acredita no jornalismo independente e no poder transformador das palavras. Quer mudar o mundo e encontrou no jornalismo uma maneira de fazer isso.

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